sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Rica por Natureza

O mundo é tão rico de pequenas coisas que podem nos trazer momentos infinitamente felizes.

Estou lendo um livro muito interessante sobre o dinheiro e seus segredos, do Gustavo P. Cerbasi. Já devia ter feito isso há muito tempo, pois sempre achei que sou uma pessoa que não sabe usar corretamente o fruto do trabalho. Agora eu tenho certeza. É incrível como tenho todas as atitudes erradas que o livro caracteriza como “os erros de uma pessoa pobre”. Bom, mas a intenção deste escrito é falar sobre um pensamento do livro que me fez refletir e que inicio este texto. Uma filosofia vivida e percebida diariamente.

Acordei mais cedo para ir ao trabalho e peguei o ônibus em um horário que não é de costume. Ao entrar, tive a sensação que todos ali sabiam que eu não era daquela “turma”, apenas uma visitante. Ao longo da viagem percebi que eu era exatamente isso. Um rapaz de nome Geraldinho era a atração. Até um senhor que estava distante falava, aos gritos, com este baixinho de voz rouca e cheio de piadas. Todos se conheciam pelo nome, comentavam casos passados e dividiam as suas opiniões. Uma menina ouvia o som do MP4 sem os fones, um rapaz falava ao celular desde que subiu na condução (e, diga-se de passagem, desceu ainda animado com a conversa) e Geraldinho se declarava para Verônica, a quem pedia em casamento e para quem dançava, exibindo-se como pavão em sua seleção sexual. E o mais engraçado eram as duas senhoras sentadas ao meu lado, cada frase ou atitude de alguém era motivo para uma delas me olhar e explicar a situação. Antes de descer, já sabiam o meu nome e me desejaram um bom dia. Tinha como ser ao contrário?

No horário do almoço precisei comprar um presente. Dois shoppings e mais de dez lojas. Uma escolha difícil, até que encontrei um lugar que não tinha o que eu procurava, mas o atendimento e o cansaço me fizeram ficar ali e encontrar algo. Dois rapazes se dispuseram a me ajudar, mas nem eles tinham idéia do que poderiam indicar. Está bem, confesso que o caso não era muito fácil, mas me diverti com o empenho dos dois e da cara que eles faziam cada vez que eu dizia: “não, muito pessoal” ou “não, não dá porque eu não o conheço”. Saí da loja com um pacote feito às avessas, uma melhor compreensão sobre a moda masculina e com a certeza que os homens podem não ser a melhor indicação para nos ajudar a escolher um presente, mas podem nos aconselhar bastante quando o assunto são os próprios.

A fila do banco, após dias de greve, é sempre maior que nos dias habituais. Atrás de mim um senhor alegre e com jeito humilde, já chegou puxando assunto. Alguns minutos de conversa e percebi que ele estava no lugar errado. Perguntei-lhe se já tinha mais de 60 anos, ele respondeu: “Ih, faz tempo”. Então o aconselhei a ir para frente e usar o seu direito de idoso. Ele, muito sem jeito e bem baixinho confidenciou: “Não, eu nunca faço isso, as pessoas vão me olhar de cara feia e brigar comigo, tenho vergonha”. Sorri e lhe disse para ir sem preocupações, garanti que ninguém ia falar nada. Ele assim fez, inseguro, dava dois passos e me olhava, como uma criança precisando de orientação e confiança para tomar uma atitude. Um engraçadinho da fila ainda quis falar algo por conta do erro ao caixa preferencial, mas logo foi recriminado pelos demais. E o senhor, sem perceber nada, pagou as contas e saiu, agradecendo-me um milhão de vezes.

Três histórias em um só dia. Volto para casa no fim da tarde com um sentimento de liberdade e missão cumprida. Não encontrei dinheiro na rua, não fui promovida e nem contemplada com um prêmio milionário, mas ganhei momentos que me trouxeram paz, reflexão e ajudaram a construir capítulos emocionantes e momentos inesquecíveis.

Claro, vou continuar a ler o livro e mudar as minhas atitudes erradas. Afinal, precisamos sentir que crescemos na vida, em todos os sentidos, para sermos felizes, e a prosperidade financeira não pode ser deixada de lado. Mas não quero me privar de momentos simples, quero me deixar ser levada por situações inesperadas e ficar sempre com os olhos bem abertos para a felicidade que eu posso ter de graça.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Querido Diário


Passado anos, hoje estou aqui de volta para desabafar com você. E eu tenho tanto pra falar. Sentimentos, conquistas, sonhos. Tá certo, confesso que esqueci você por vários anos, culpa exclusivamente minha, assumo. Mas ontem alguém me fez relembrar o tempo das nossas conversas íntimas e inocentes.

Pois é, os anos passaram. Eu já não tenho dez anos. Mas às vezes não parece e eu me vejo agindo como tal. Uma menina rebelde, insegura e cheia de sonhos. É verdade, eu sei que os sonhos já não são os mesmos, hoje eu sinto mais os meus pés no chão, mas eu nunca deixei de sonhar. E lutar por tudo que acredito.

Faz uns meses que eu saí da casa dos meus pais justamente por acreditar em mim, acreditar que eu posso tudo aquilo que eu desejo. É, parece loucura. Sabe quando a gente é criança e pensa que somos iguais aos super heróis dos desenhos animados? Pois é, esse sentimento de mulher maravilha não saiu de mim. Não sei se por eu nunca ter deixado de lado esta criança que existe aqui dentro ou se porque muitas das vezes alcanço meus objetivos, entre erros e acertos, de uma maneira meio torta.

É claro, morar longe da família e dos amigos é muito difícil, é viver com uma saudade constante. Mas eu tenho me saído bem, como costumo dizer, já estou ficando mocinha. Hoje eu estudo, trabalho e tomo conta da casa, como gente grande. No início é um pouco complicado: o supermercado parece um jogo que você não conhece as regras; o tempero da sua mãe é lembrado com um sabor delicioso; o dinheiro é dividido pelas despesas, que parecem não ter fim; momentos simples ao lado da família aumentam de valor; um carinho faz muita falta; o mundo parece ser bem maior do que você imaginava. E fica cheio de responsabilidades.

Por outro lado, você descobre, também, que é capaz de superar seus próprios limites. É gratificante perceber os avanços diários, as conquistas em pequenas coisas, o amor que existe dentro da gente e descobrir, ainda, o quanto podemos crescer, amadurecer. E há quem diga que agora que sigo sozinha, cresço sozinha. E eu, com toda certeza, digo que jamais conseguiria alguma coisa na vida sozinha. Primeiro porque tenho Deus à minha frente. Segundo porque tenho uma família que, mesmo longe, está sempre comigo, orientando minhas atitudes e me dando o apoio que preciso. E, terceiro, porque sou cercada de pessoas especiais, amigos que marcam presença mesmo à distância.

Enfim, meu querido diário, hoje eu te coloquei aqui, neste meu canto de palavras perdidas e sentimentos atropelados, como forma de partilha. Desta vez não vou colocar um cadeado em você e guardar essas confidências só para nós dois. Ou melhor, nós três, não nos esqueçamos da minha mãe e suas artimanhas para encontrá-lo. Não, desta vez vou publicá-lo como meio de externar o sonho de uma adolescente que cresceu, mas nunca deixou de acreditar em si. E segue lutando, caindo, levantando e, claro, superando obstáculos.

Até a próxima!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Brasil - Sede das Olimpíadas 2016


A minha alegria atravessou o mar

E ancorou na passarela

Fez um desembarque fascinante

No maior show da terra

Será que eu serei o dono desta festa

Um rei, no meio de uma gente tão modesta

Eu vim descendo a serra

Cheio de euforia para desfilar

O mundo inteiro espera

Hoje é dia do riso chorar

Levei o meu samba pra mãe de santo rezar

Contra o mal olhado eu carrego o meu patuá

Levei o meu samba pra mãe de santo rezar

Contra o mal olhado eu carrego o meu patuá

Acredito ser o mais valente nessa luta do rochedo com o mar... E com o ar!

É hoje o dia da alegria

E a tristeza, nem pode pensar em chegar

Diga espelho meu se há na avenida alguém mais feliz que eu

Diga espelho meu se há na avenida alguém mais feliz que eu




IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE - 1981

Compositores: Gibi, Serjão e Zé Catimba