quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Teu Olhar


Encanto
Mistério
Sedução
Ah, esse teu olhar
Busco a paz que neles encontro
Vejo sonhos, enxergo desejos
Uma luz que envolve sem tocar
Reflete a esperança
Atrai pensamentos
Capaz de invadir sem pedir licença
Mostra a intenção que há sem precisar falar
Penetra outros olhares como um raio de sol
Duas esferas escuras que brilham na escuridão
E quando os vejo através dos olhos meus
Batidas mais fortes disparam o coração
Percebo o som da tua presença ao se aproximar
Um feixe de luz que chega e, minha alma alimenta
O arrepio toma conta do meu corpo e me deixa a mercê
Olho no olho
Sentimento que chega
Em teus olhos vou me perder de vez
E fechar os meus para enxergar você

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Não digo adeus, amigo

Uma partida é sempre sinal de despedida
Agora eu me vou por caminhos a desvendar
Levo comigo uma bagagem de sonhos e esperanças
Deixo o passado e aquilo que não me fez ficar
Mas um dia, meu amigo, eu quero te encontrar
Nos versos de uma poesia
Ou na letra de uma canção
Ou, quem sabe, encontro-te ao reviver alguma emoção
Sentimentos que brotarão ao lembrar nossos momentos
Quando vivemos as vitórias que almejamos
Ou choramos a derrota daquilo que sonhamos
Reencontrarei você
Meu amigo de todas as horas
Meu amigo de idas e vindas
Meu amigo de palavra e silêncio
Meu amigo que pensei ser só meu
Um dia, amigo, nas minhas lembranças irei te buscar
Lembranças de quando vivemos os desafios da vida
E descobrimos que já não éramos aquelas crianças
Encontrarei-te ainda ao reviver o passado
Nos registros impressos que fizeste ao meu lado
Largados naquela velha caixa onde tenho nossos tolos segredos guardados
Vou te encontrar em cada linha das mil cartas que trocamos
Nas quais falávamos de alegrias e tristezas
E hoje as tenho para não esquecer as nossas loucas confidências que revelamos
Então, posso ir para não mais voltar,
Descobrir mundos, refazer planos
Mas eu sei, meu amigo, que no futuro irei te encontrar
Pode ser perto, amanhã talvez
Ou quem sabe em um futuro mais distante
O que tenho aqui comigo será sempre mais importante
Por isso, como amigos, vamos dizer apenas até breve
E nunca adeus
Por que sei, há de acontecer nosso reencontro.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A Loba

Como amante declarada da Música Popular Brasileira, faço uma homenagem à cantora maranhense, Alcione Nazaré, que com esta letra conseguiu falar muito bem de mim :)

A Loba
Alcione

Sou doce, dengosa, polida
Fiel como um cão
Sou capaz de te dar minha vida...

Mas olha não pise na bola
Se pular a cerca eu detono
Comigo não rola...

Sou de me entregar de corpo e alma na paixão
Mas não tente nunca enganar meu coração
Amor pra mim
Só vale assim
Sem precisar pedir perdão...

Adoro sua mão atrevida
Seu toque, seu simples olhar já me deixa despida
Mas saiba que eu não sou boba
Debaixo da pele de gata eu escondo uma loba...

Quando estou amando eu sou mulher de um homem só
Desço do meu salto, faço o que te der prazer
Mas, oh! meu rei
A minha lei
Você tem que saber...

Sou mulher de te deixar se você me trair
E arranjar um novo amor só pra me distrair
Me balança mas não me destrói
Porque chumbo trocado não dói
Eu não como na mão de quem brinca com a minha emoção...

Sou mulher capaz de tudo pra te ver feliz
Mas também sou de cortar o mal pela raiz
Não divido você com ninguém
Não nasci pra viver num harém
Não me deixe saber ou será bem melhor pra você
Me esquecer...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A estrada que me leva para casa

Voltar para casa depois de um dia de trabalho é um momento único. Limito-me a falar da volta, pois a ida é sempre a mesma coisa: óculos escuros, fones de ouvido e uma soneca gostosa de trinta minutos. Por isso, sem muitas histórias.

A volta não, é sempre marcada por uma cena, um acontecimento novo. O ônibus sai às 17h, em ponto. Nunca preenche todas as poltronas e, como sou uma das primeiras a entrar, tenho a liberdade de escolher o local que melhor combinar comigo naquele dia. Minha preferência é pelas últimas cadeiras, claro, nunca fui uma pessoa que se sente à vontade na primeira metade do ônibus. Além de considerar importante o fato de aproveitar este momento para dividir o dia com os companheiros de viagem, que estão sempre lá, aguardando as novidades, prontos a contar alguma piada, com um lanche especial ou um jogo novo de cartas. Acreditem, isso acontece.

Antes, eu sentava sempre à direita, acho que uma escolha pessoal e sem motivos. Talvez, mania de destra. Hoje, percebi que pode ser bem mais divertido se cada dia eu escolher um lado diferente, afinal serão paisagens diferentes, momentos diferentes. O percurso é grande, quarenta a cinqüenta minutos. 18 km são de BR e, devo confessar, este é o melhor pedaço da viagem.

No primeiro momento eu sento, inclino a confortável poltrona e deixo meus pensamentos me levarem. Aos poucos, todos vão chegando e já puxando assunto, geralmente o do momento: o próximo feriado, o novo romance da fábrica, a substituição de funcionários, o evento do ano, a crise econômica.

E a viagem segue. Há aqueles dias que, em meio à conversa agitada, o ônibus começa a parar e, ao olhar para frente, observamos uma fila quilométrica de carros. Mal sinal. No mínimo algum acidente inimaginável de carros descontrolados ou ciclistas desavisados. Na maioria das vezes acertamos. Todos se jogam para o lado que a confusão acontece para ver tudo de perto, é instintivo. Comentários do tipo “nossa, coitado!” ou “será que morreu?” são inevitáveis. O melhor de todos é daquele que correu para bem perto da janela e disse “não quero nem ver”. Então por que se esforçou tanto?

Ainda outro dia, a “atração” ficou por conta de um acidente incomum. No fim de um morro de beira de estrada, um corpo. Um homem caiu de uma escada feita de barro, pequena, mas mortal para um senhor que aparentava ter mais de setenta anos. A vida, como sempre, mostrando-nos sua fragilidade.

Sem falar das manifestações dos moradores das comunidades. É sempre um show à parte. É um desce e sobe de ônibus, um desvio por uma estrada mais longa, um que insiste em seguir, outro que volta dali, telefone que toca, jornalistas que chegam. Confesso que nestas horas eu me sinto em um filme policial, só na expectativa da próxima cena.

Outras vezes a volta é apenas mais um dia como os outros. Pelo menos para a maioria dos passageiros. Eu, olhando através da janela, vejo de tudo. O casal de estudantes que namora embaixo da árvore, crianças jogando bola no terreno baldio, o trem que apita de longe para avisar que está passando, famílias que aguardam o horário de visita na penitenciária, o sol, a chuva, o tempo.

Além disso, escuto. As conversas no banco da frente (não por curiosidade, mas para ver a vida dos bastidores), os acenos dos meninos quando no veem passar (alguns sempre fazem uma festinha particular), as sirenes indo e voltando (polícia, ambulância, corpo de bombeiros), o silêncio (que muitas vezes diz mais que mil palavras), a brisa (esta eu ainda estou aprendendo escutar).

Observando tudo isso, momentos de reflexão são os que mais acontecem. E, em um destes momentos, parei e pensei. Tantos quilômetros rodados, tantas idas e vindas. Aparentemente, o mesmo caminho, com histórias longas, tristes, alegres, verdadeiras, ilusórias... mas a verdade é que olhar para esta estrada é como olhar para a vida. Parece ser sempre a mesma, mas todos os dias ela tem algo novo para se contemplar. Só depende de como cada um pára e olha para ela.