terça-feira, 6 de outubro de 2009

Querido Diário


Passado anos, hoje estou aqui de volta para desabafar com você. E eu tenho tanto pra falar. Sentimentos, conquistas, sonhos. Tá certo, confesso que esqueci você por vários anos, culpa exclusivamente minha, assumo. Mas ontem alguém me fez relembrar o tempo das nossas conversas íntimas e inocentes.

Pois é, os anos passaram. Eu já não tenho dez anos. Mas às vezes não parece e eu me vejo agindo como tal. Uma menina rebelde, insegura e cheia de sonhos. É verdade, eu sei que os sonhos já não são os mesmos, hoje eu sinto mais os meus pés no chão, mas eu nunca deixei de sonhar. E lutar por tudo que acredito.

Faz uns meses que eu saí da casa dos meus pais justamente por acreditar em mim, acreditar que eu posso tudo aquilo que eu desejo. É, parece loucura. Sabe quando a gente é criança e pensa que somos iguais aos super heróis dos desenhos animados? Pois é, esse sentimento de mulher maravilha não saiu de mim. Não sei se por eu nunca ter deixado de lado esta criança que existe aqui dentro ou se porque muitas das vezes alcanço meus objetivos, entre erros e acertos, de uma maneira meio torta.

É claro, morar longe da família e dos amigos é muito difícil, é viver com uma saudade constante. Mas eu tenho me saído bem, como costumo dizer, já estou ficando mocinha. Hoje eu estudo, trabalho e tomo conta da casa, como gente grande. No início é um pouco complicado: o supermercado parece um jogo que você não conhece as regras; o tempero da sua mãe é lembrado com um sabor delicioso; o dinheiro é dividido pelas despesas, que parecem não ter fim; momentos simples ao lado da família aumentam de valor; um carinho faz muita falta; o mundo parece ser bem maior do que você imaginava. E fica cheio de responsabilidades.

Por outro lado, você descobre, também, que é capaz de superar seus próprios limites. É gratificante perceber os avanços diários, as conquistas em pequenas coisas, o amor que existe dentro da gente e descobrir, ainda, o quanto podemos crescer, amadurecer. E há quem diga que agora que sigo sozinha, cresço sozinha. E eu, com toda certeza, digo que jamais conseguiria alguma coisa na vida sozinha. Primeiro porque tenho Deus à minha frente. Segundo porque tenho uma família que, mesmo longe, está sempre comigo, orientando minhas atitudes e me dando o apoio que preciso. E, terceiro, porque sou cercada de pessoas especiais, amigos que marcam presença mesmo à distância.

Enfim, meu querido diário, hoje eu te coloquei aqui, neste meu canto de palavras perdidas e sentimentos atropelados, como forma de partilha. Desta vez não vou colocar um cadeado em você e guardar essas confidências só para nós dois. Ou melhor, nós três, não nos esqueçamos da minha mãe e suas artimanhas para encontrá-lo. Não, desta vez vou publicá-lo como meio de externar o sonho de uma adolescente que cresceu, mas nunca deixou de acreditar em si. E segue lutando, caindo, levantando e, claro, superando obstáculos.

Até a próxima!

Um comentário:

Janaina disse...

Amiga, que perfeição de texto. Você floresceu e eu perdi de saber em qual estação! Sei, que seu diário ficaria confuso se pudesse ler as entrelinhas e ver o quanto voce andou para chegar até ai. Sabe o que é melhor amiga é que você sabe que não está sozinha e a maior é que eu sei que a distancia não serviu para te fazer menos maluquinha e amiga de todas as horas. Esse diário ficou com muitas paginas em branco mas sei que você não precisou de caneta e papel para escrever essa parte da sua história. Saudades sempre. Amo você! qual